segunda-feira, 21 de março de 2011

PdC Março de 2011

Como sabemos, a Igreja está passando por um momento particular de sua história bi-milenar. E
isso não apenas porque a sociedade colocou em relevo a chaga da pedofilia em alguns membros do clero, mas porque vivemos um momento de profundas transformações, que atingem toda a sociedade. Alguns chegam a falar de uma “noite escura coletiva” pela qual estamos passando que nos impele a buscar novas luzes para o nosso caminho.

A experiência do exílio

A experiência do povo de Israel, relatada no Antigo Testamento, também apresenta momentos difíceiscomo aquele vivido no exílio, na Babilônia, em que, por alguns momentos, algumas pessoas se questionaram se não foram abandonadas por Deus. Nestes momentos de escuridão a presença dos profetas foi decisiva para alimentar a esperança do povo com a finalidade de perseverar no caminho da aliança e esperar sempre o auxílio que vem de Deus. Os momentos de crise, seja na vida pessoal, como comunitária, sempre precisam ser vistos como um momento de graça. De um lado eles nos questionam e nos levam a abandonar convicções e atitudes que não mais respondem ao momento em que vivemos, mas também nos abrem novos caminhos a percorrer.

A luz do Vaticano II

Também a nós que peregrinamos o momento atual, Deus tem enviado seus mensageiros. Como não ver no Concílio Vaticano II um momento particular de “profecia coletiva”, que nos aponta o caminho verdadeiro para hoje? Também como não faltaram no passado os santos, como verdadeiros faróis a iluminar o caminho a ser percorrido, hoje não nos faltam novos Movimentos eclesiais que dão consistência e concretização às orientações do Vaticano II.

Sempre fiquei impressionado com o final da parábola dos talentos, em que se pede ao que recebeu apenas um talento e que não o fez frutificar, que o entregue ao que já tem dez (cf. Mt 25,14-30). Em sintonia com esta passagem bíblica, nós cristãos que nos sentimos agraciados por “talentos” pessoais ou comunitários, somos particularmente convidados a colocar a luz sobre o candeeiro a fim de que ilumine ao maior número de pessoas.

Revelar a comunhão

O Concílio Vaticano II, nas suas linhas essenciais, apresenta a Igreja como comunhão que tem sua raiz e seu modelo na vida da Santíssima Trindade. Não foi esse modelo que inspirou a formação dos padres mais idosos, como afirmou o teólogo Karl Rhaner, antevendo que a espiritualidade do futuro, em sintonia com o novo modelo de Igreja, seria o da comunhão.

Nesta linha, todos os que nos sentimos agraciados por uma particular experiência de comunhão não podemos enterrar nossos “talentos”, mas fazê-los frutificar a serviço de toda a comunidade cristã e de toda a humanidade.



Padre Antonio Capelesso, Editorial da Revista Perspectivas de Comunhão Março de 2011, Ano XX, nr. 02.

[ Download da revista ]