segunda-feira, 27 de junho de 2011

PdC Junho de 2011





No dia 29 de maio de 1991 Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos focolares lançava, na atual Mariápolis Ginetta, nas proximidades de São Paulo, o Projeto de Economia de Comunhão, na liberdade (EdC). As raízes deste Projeto vem de longe. Chiara é de Trento, cidade da cooperação social. Seu pai era socialista, a mãe católica e seu irmão, comunista. Desde criança respirou a solidariedade e a atenção aos esquecidos e marginalizados. No contexto da segunda guerra mundial descobriu o imenso amor de Deus para com ela e para com todos; assim foi natural para ela acolher o convite do Evangelho para responder ao chamado de Deus, fazendo a Sua vontade em relação aos próximos com os quais Jesus se havia identificado.


O amor aos irmãos levou Chiara e suas primeiras companheiras ao encontro dos pobres e doentes, enfim dos mais necessitados de ajuda. A vivência do Evangelho na sua radicalidade deu início e desenvolvimento ao Movimento dos focolares.


As Mariápolis permanentes


No ano de 1961, na Suíça, contemplando a cidade beneditina de Einsiedeln, Chiara sentiu que também seu movimento deveria ter lugares nos quais o carisma teria de ser testemunhado diariamente; verdadeiras pequenas cidadelas, com igreja, escola, mas também casas de famílias e fábricas com chaminés. Quando em 1989, com a queda do muro de Berlin, foi dissolvida a lógica de Blocos, o mundo estava eufórico.


No ano seguinte, Chiara visitando New York, percebendo como o consumismo havia “incorporado” séculos de revoluções e conflitos, ofereceu-se com seus companheiros a pagar com as próprias dores e até com a vida, as “prestações” para que pudessem cair também os muros que ainda impedem a glória de Deus no mundo ocidental.


O lancamento da EdC no Brasil


Ao vir ao Brasil, em 1991, Chiara tinha lido a Centesimus Annus, na qual o Papa preconizava uma economia social capaz de orientar a sociedade de mercado ao bem comum. Mas Chiara chegou ao Brasil, sobretudo com a certeza de poder contar com uma oração potente: assim, frente aos intoleráveis desequilíbrios sociais representados por arranha-céus e favelas de São Paulo, sentiu-se impelida a lançar entre nós a Economia de Comunhão na liberdade que, gerada por homens hovos, distribui os lucros em três partes: uma para manter a empresa, outra para formar homens novos e a terceira destinada aos pobres.


Foi por isso que, o convite de se juntarem para criar novas empresas colocando a pessoa no centro e o capital como função de suporte, não ficou no papel.



Vinte anos de EdC


De 25 a 28 de maio, por ocasião do 20 aniversário do lançamento do Projeto da EdC, realizou-se na Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista - SP, uma Assembléia da EdC que contou com a participação de seicentas e cinquenta pessoas provenientes de mais de trinta países diferentes. No dia 29/05 uma Jornada realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo marcou o dia exato do lançamento deste Projeto inovador.



Neste momento de celebração muitos foram os estudiosos que apresentaram vários temas relativos à EdC, bem com muitos epresários que relataram suas experiências. A socióloga brasileira, Vera Araújo, ao apresentar seu contributo nessa Assembléia, destacou a necessidade de uma visão antropológica realmente digna da pessoa humana como base para uma economia que coloca a pessoa como centro, no lugar do capital.


Entre tantas experiências que estão dando nova dignidade ao trabalhador desejo destacar a “Dalla Strada”, que emprega adolescentes literalmente provindos da rua, bem como a matéria prima para a confecção de bolsas com lonas de caminhão que já não mais servem para seu objetivo primário.



Padre Antonio Capelesso - Editorial PdC Junho de 2011.